Após grandes sucessos dos portáteis como o Nintendo DS e PSP, os portáteis chineses começam a ficar conhecidos na scene gamer e embora não apresentem grande listas de jogos originais para os mesmos, o objetivo principal, e bem sucedido, foi a emulação de consoles antigos.Desde NES até GBA, dos Ataris até Neo Geo, esses consoles xing ligs conseguiram emular com resultados satisfatórios, e a lista de jogos compatíveis é extensa para cada um. Dos mais conhecidos desses consoles estão o Pandora, GP2X Wiz, Gemei e o Dingoo, este último o qual eu adquiri em agosto do ano passado e qual faço essa análise agora.
Era pra ser um Nintendo DS, porém as lojas do shopping estavam dando facadas violentas de R$700 e R$900, preço incrívelmente alto. Andei em praticamente todas as lojas que vendiam o console que eu queria, após mais algumas facadas eu cheguei numa última loja já com o intuito de voltar pra casa sem video game algum. Vejo na vitrine da loja um Nintendo DS que não me lembro a cor, e também pouco me importava, naquela ocasião usaria até um rosa se me vendessem por R$450.
Pergunto ao rapaz da loja quanto custava o video game, não me lembro muito bem mas o vendedor me respondeu algo perto das outras facadas que escutei/ví nas outras lojas. Após a decepção em escutar um valor acima do que eu tinha pra gastar, ele me mostrou outro video game, estava ao lado do DS, de cor preta, o Dingoo. Logo quando bati o olho pensei ser um Game Boy micro, não sei porque.
E olha que nem é parecido ._. O vendedor me falou o nome dele, escutei um nome parecido com Meebo e fiquei meio "WTF?", respondo "ah um meebo!" ja tinha ouvido falar do Dingoo só que não me lembrava muito bem do nome, e respondi da mesma forma que eu escutei do vendedor. Após isso o rapaz me chama pra dentro da loja e me mostra como funciona o video game, liga - vejo o nome correto na tela de boot - e o primeiro jogo que vejo rodando é 7 Days of Salvation, um dos poucos jogos originais do Dingoo. Após me mostrar as outras funções e as especificações sobre cartões de memória e memória interna, eu decido que vou comprar o Dingoo no lugar do Nintendo DS - só pra lembrar: eu não tinha dinheiro suficiente pra um DS :/ - e ainda comprei um cartão de memória de 4GB o qual me ajudou E MUITO logo depois.
Testo fones de ouvido, cabo usb e carregador num PC da loja, tudo ok;
Pago no caixa os R$500 de Dingoo + cartão de memória 4GB;
Vou embora, porem com uma dúvida, "esse vídeo game vai me satisfazer tanto quanto um Nintendo DS?".
De volta pra casa, dentro do carro testo alguns jogos ja incluídos na memória do video game alguns muito legais como o 7 Days of Salvation o qual eu joguei melhor alguns meses depois, joguei alguns jogos de Nintendinho 8bits, e mais outros jogos em 2D (7Days é em 3D).
Passei a noite toda testando o potencial do Dingoo, testando cada função dele, vídeos, fotos, música, rádio, e claro, emuladores e outros jogos que ainda não tinha jogado até então, faz bastante tempo que eu tenho ele, mas foi o suficiente pra saber bastante coisa e testar o máximo possível.
Após muita enrolação, a análise:
Funções do aparelho:
Começando pelos Vídeos, uma das partes que mais me chateia nele é o fato de que se você quiser um vídeo com audio e imagem boa, você vai ter que converter e encodificar você mesmo, isso seria obvio, porém o problema nem está no fato de querer imagem e som de qualidade boas, você será OBRIGADO a fazer o procedimente do conversão e encoder para evitar travas que ocorrem durante a reprodução do vídeo, não sei se isso acontece somente no meu aparelho mas creio eu que seja um problema comum de outros também.
Muitas das extensões que na caixa dizem que são compatíveis no aparelho, poucas delas rodam com perfeição, tal qual é a .mp4 que estão impressas na caixa, porém não reproduzem de jeito algum, .avi também é um problema, não reproduz. Porém, a .wmv reproduz perfeitamente, embora os pontos contras são evidentes, qualidade de imagem e som. Há opções de zoom. O atraso para a barra de reprodução avançar junto com o comando do direcional é agonizante.
A função do player de música é bastante usada por mim, encho praticamente os 4GB de memória interna de música, os outros são de poucos jogos que eu gosto de jogar nos emuladores do Dingoo. A organização por albuns é boa - é claro se suas músicas estiverem devidamente organizadas antes - cada album organizado em uma única seção, ruim foi o sistema ter detectado todas as músicas usadas pelos ports do Dingux e colocar num "album" intitulado com caracteres em mandarim! o.O
Embora a organização por album tenha bom funcionamento, ela falha as vezes, o qual eu não sei o motivo o porque algumas músicas que deveriam estar em seus respectivos albums, estão em outros, ou pior, junto de cerca de 100 outros sons no album com caracteres em mandarim. Muitas vezes tenho que recorrer a Folder Once, opção o qual funciona poucas vezes para achar um album porque simplesmente não aparecem. E também o problema da barra de reprodução é sentido, dessa vez a demora para a música chegar ao ponto onde a barra foi movida é sentido nitidamente. Um atraso de um segundo é sentido no início de toda música. E também com o auxílio do visualizador de texto é possível acompanhar a letra da música que estiver tocando.
Não uso muito o visualizador de fotos do Dingoo. Não por ser simples, mas sim porque não vejo MESMO fotos ou imagens no Dingoo. O visualizador abre várias extensões de imagens, entre elas as mais populares: .jpg, .bmp, .gif, .png. O fato de ser simples não atrapalha, é bastante funcional e não há muito o que falar sobre ele.
Há também um visualizador de animações em .flw na mesma seção de imagens, o qual tem um bom funcionamento.
O Ebook é bastante interessante, simples e prático, e caso você parou em algum lugar do texto, quando voltar ele vai perguntar se quer voltar ao ponto onde você parou ou começar do início. Mudança da cor de fontes e cor de fundo, Texto to Sound, ele lê todo o texto para você - textos em português ficam toscos pois a função foi programada para o inglês - marcadores de texto, enfim, bem simples porém uma função bastante funcional.
Já o Rádio é meio tenso, não consegui obter sinais de algumas rádios locais, não sei o motivo, mas acho que não seja problema do aparelho, e as outras que consegui ficaram com uma qualidade normal, tipo aquela típica qualidade de rádio de pilha :)
Do Gravador de Voz não há muito o que falar, funciona bem, tem uma ótima qualidade de som.
A Conexão com a TV é bem interessante, com um cabo A/V você conecta o Dingoo à sua TV e joga como se fosse um console de mesa normal, a qualidade de imagem é um pouco ruim, já que a imagem que aparece no televisor é meio embaçada, já que a imagem do jogo no Dingoo é jogada diretamente para a TV.
O Browser de Arquivos é simples, há opções de deletar arquivos, copiar e colar. Bem útil em algumas horas. Porém acho que deveria ter a opção de mover arquivos :(
A Emulação no OS original do aparelho é ótimo, boa parte dos consoles old school podem ser emulados com maestria, a resolução da tela incomoda algumas vezes em jogos de consoles com visor menor do que o do Dingoo, aquele típico serrilhado é visto, porém não incomoda.
Alguns emuladors precisam da BIOS pra poder rodar os jogos, o qual se pode achar por aí ilegamente.
Há alguns lags raros em alguns jogos que apresentem bastante movimentos de sprites como na abertura de um dos jogos do Kirby para GBA.
As funções dos emuladores práticos e bastante úteis, com opções de Save State/Load State e slots enumerados de 0 à 9. Novamente a opção de texto é útil aqui, ajudando a aparecer aquela típica tela de golpes e estratégias com um simples arquivo .txt.
A emulação de jogos fabricados com chips auxiliares do SNES é impossível até agora, nem mesmo os emuladores portados para o Dingux - esse que vou explicar mais depois - como os Snes9x e Snes9x4D conseguem rodar bem os jogos como Mario Kart, Star Fox, Megaman X2/X3, Yoshi Island, e alguns outros rodam todos cagados :/
Análise externa:
O formato do Dingoo é retangular, que chega a incomodar muito. Me deixou muitas vezes com o dedo mindinho dormente pela posição da mão que não se acomoda direito ao aparelho
A posição do plug do fone de ouvido é muito incomoda durante as jogatinas. Entretando, na parte de baixo do aparelho, há uma saída para TV que pode ser usada também para plugar o fone de ouvido.Os botões são firmes, tanto os direcionais quanto os botões ABCD, já Start e Select são um pouco frouxos o que não chega a atrapalhar. Já os botões L e R são problemáticos, são bem mais frouxos do que o Select e Start e apresentaram um rebaixamento. Já ouvi varias vezes relatos de pessoas que tiveram problemas com esses botões.
As saídas de audio externas são compostas por dois pequenos alto falantes localizados na parte de baixo do Dingoo.
Há uma entrada para cartão de memória MicroSD em baixo, entre a saída USB e a saída para TV.
E por falar na saída USB, ela apresentou bastante problemas com o meu aparelho. Havia uma certa posição do cabo na saída que fazia com ele se desconectasse e tornasse a conectar novamente sem movimento algum.
Dingux - O Linux no Dingoo.
Tela do boot para o DinguxUm usuário chamado BooBoo produziu um sistema operacional alternativo para o Dingoo com base no RockBox para chips Injenic. É uma distribuição do Linux que foi batizada de Dingux. Foi disponibilizada no Google Code em 18 de maio de 2009 e de lá para cá houve bastantes modificações em seu código, melhoras significativas, aplicativos, jogos e emuladores.
Esse sistema alternativo roda diretamente do MicroSD por meio de um processo de instalação um pouco complicado, mas o resultado final é gratificante.
Os ports de jogos de computador para esse sistema vão desde Duke Nukem e Half Life até o velho Tyran e Prince of Persia. Os aplicativos, em maioria são bastante práticos e funcionais, não vou citar o desempenho de todos pois são muitos, mas dentre os mais interessantes são:
nuPDF, que pelo nome já é notável a função;
DWrite, editor de texto no Dingux que exige um pouco de atenção e treino para escrever textos legais nele;
GMU, player de audio que funciona muitas vezes melhor do que o próprio player original do Dingoo.
As cores, icones,modelos e papeis de parede podem ser mudadas por meio de temas, ou se quiser manualmente mesmo (no caso dos papeis de parede e cores).
Conclusão final:
Há situações em que você vai precisar muito de um console portátil, porém como moramos em um país onde esse tipo de entretenimento custam os olhos da cara, a medida mais viável para alguns é recorrer para os xing lings mesmo. Não que eles sejam ruins, pelo contrário, eles cumprem o que prometem na maioria das vezes. Tem funções interessantes e compatibilidade para uma vasta lista de jogos e emuladores que por sí só já é um bom motivo para adquirir um aparelho destes.
Não testamos as mesmas funções em outros aparelhos, mas pelo que parece, muitos dos problemas que foram relatados nessa análise só aconteceram no meu aparelho, pro meu azar :(
Termino essa análise recomendando a compra do Dingoo para quem quer uma alternativa boa para jogos old school em um aparelho prático e simples, sem muitas frescuras.
Preço médio do mpDingoo (aparelho brasileiro produzido pela Dynacom): R$ 450,00
Preço médio Dingoo (versão chinesa): R$ 250,00 ~ R$ 300,00
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